Quando era mais nova a minha mãe ralhava-me porque só tirava fotos aos outros – o que ainda acontece.
Comprei há tempos uma máquina digital e a descoberta interminável do novo brinquedo levou-me a experimentar algo que, segundo consta, requer inúmeras tentativas falhadas até se chegar a resultados satisfatórios: tirar fotografias a nós próprios. Mas fotografias boas, daquelas que vemos e pensamos, “Ena! Estou mesmo catita!”

A missão é árdua mas não impossível.

Na minha mais recente tentativa, depois de muitas poses blasés – algumas sem testa – ocorreu-me o quão mal conheço o meu próprio rosto. Vejo-o ao espelho todos os dias, é certo, mas está do avesso e a ideia de que o mundo conhece a minha cara melhor do que eu faz-me comichão. Alías, o que conhecemos dos nossos rostos são apenas as expressões que fazemos quando nos apontam uma objectiva (e que, se repararem bem, são quase sempre iguais).

Deixei de lado pretensões artísticas e dediquei-me a explorar a elasticidade da cara.

É uma óptima forma de ver lados nossos que desconhecemos – literalmente! – … e gostava de deixar para a posteridade mais de mim do que um sorriso Pepsodent.

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5 thoughts on “as propriedades terapêuticas da sua máquina digital

  1. parabéns. tiro-te o chapéu. conseguiste fazer aquilo q eu, na qualidade de pseudo-artista, nunca consegui fazer: auto-retratos. ah! e c/ caracóis ou s/ eles ficas sempre bem. esse teu pescoço á botticelli dá c/ tudo. excepto c/ o corte tipo “capacete”…valériaps: já agora, é botticelli o pintor renascentista, não o tenor ceguinho.

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