Na última vez que estive contigo fomos as duas andar de baloiço no parque.

Os Cinzentos mandaram-nos olhares reprovadores e comentámos o bom que era termo-nos uma à outra como companhia para andar de baloiço no meio da cidade e que os deviam fazer para adultos também. Porque, num mundo que nos torna monocromáticos com tanta facilidade, tu sempre foste uma das minhas maiores companheiras de batalha em manter viva a nossa palete de cores (e sempre tiveste tanta cor, minha irmã).

Enquanto baloiçava para trás e para a frente naquele fim de tarde fantástico, parei para o guardar. Lembrei-me a mim própria que a felicidade é tão simples como andar pelo ar aos 35 anos e que nunca por nunca me posso esquecer de continuar a escolher momentos assim. Ao pé de ti sempre foi fácil. O Cinzento tentava deixar-te de rastos, mas tu atiravas-lhe sempre com um balde de tinta para cima, armada com o teu enorme sorriso e uma pureza como já não se faz.

“Na última vez que estive contigo” nunca é dito de forma literal. Claro que não é mesmo a última vez, é só uma expressão.
Ainda somos tão novos, temos sempre amanhã.

Nem sempre.

Mas vou continuar a levar a cor sempre comigo – agora com um um bocadinho das tuas.

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