Antes dos miúdos americanos andarem a bater de porta em porta a dizer “trick or treat”, já o Halloween era celebrado há milhares de anos.

As “bruxas”, regendo-se pelos ciclos da Natureza, consideravam a passagem do dia 31 de Outubro para o 1 de Novembro como o iníco do Ano Novo: acabava o Verão, começava o Inverno. Fazia-se uma lista das fraquezas pessoais e maus hábitos dos quais cada pessoa se queria ver livre (onde é que eu já ouvi isto…?).

Também era esta a data de maior aproximação entre os mundos visível e invisível, o que permitia aos espíritos das pessoas falecidas durante o ano andarem livremente ao nosso lado… daí o uso da abóbora com a cara assustadora e a velinha lá dentro, para afastar entidades malignas. Mas, como nem todos os espíritos são maus, era servida uma refeição aos entes queridos que já tinham deixado este mundo. Ainda hoje, uma tia minha, ao preparar a mesa para o Natal, deixa sempre um prato a mais com esse mesmo propósito.

Curiosidades à parte, desejo a todos um feliz Dia das Bruxas!

3 thoughts on “halloween

  1. Ora bem, se tivermos em conta que, digamos, 3/4 da cultura americana se baseiam na assimilação e deturpação das tradições de todas as outras culturas do mundo, o que quer que eles digam sobre o assunto não deve ser levado muito a sério. Por exemplo, a história da abóbora. Ao que parece é uma tradição de raízes celtas, em que se usavam nabos grandes escavados e cheios de cera para fazer velas que serviam de faróis para os espíritos que vagueavam nessa noite. È certo que não tinham o mesmo impacto que as ditas abóboras mas, verdade seja dita, provavelmente era mais fácil encontrar abóboras que nabos na América. Em Portugal temos o “pão por Deus”, um peditório de origens religiosas cada vez mais raro e gradualmente substituído pelo fantasismo do Halloween. Feito pelas crianças mais desfavorecidas no dia 1 de Novembro durava somente até às 12h ou 13h, sendo distribuídos frutos secos, fruta da época ou alguns bolos que contribuíam para uma ligeira melhoria da reserva de alimentos da família. Talvez pela conotação de “peditório de pobres” numa época em que cada vez mais se tem o que se quer, em que quase (repito: quase)ninguém passa mal e extremamente influênciado pelos meios de comunicação , o “pão por Deus” começa a deixar de ter sentido. Mais uma tradição nacional que vai pelo cano abaixo…(Desculpem mas esta tinha de sair, é o meu instinto de Conservação e Restauro…) Aos que gostam de ler: “Os esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes. Lá encontram uma descrição excelente dessa tradição e dos seus quês e porquês nas primeiras décadas do séc. XX português. Gostava de poder falar mais sobre estas festividades, mas tudo o que sei é que no dia de Finados (1 de Novembro) se honram os antepassados com velas acesas e idas ao cemitério para limpar as suas campas, em sinal de reconhecimento. Pelo menos no mundo Ocidental.Enfim, já falei mais que o suficiente (e provavelmente não disse nada de jeito, não é?…).Então adeusinho. Valéria.

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  2. Ora vamos lá então entrar nesta discussão erudita sobre o Dia das Bruxas. É verdade, não nasceu nos EUA. Ou, pelo menos, as suas raízes estão bem fora dos EUA. Infelizmente não podemos saber exactamente onde pois, como a autora do blog escreveu, radica em rituais mais antigos, ligados aos cultos da Natureza, numa era pré-histórica. E sim, marcava o fim do tempo produtivo (Verão) para o tempo de adormecimento da terra (Inverno). Daí a necessidade de agradecer os bens recebidos, as colheitas e consequentes reservas alimentares. Mais tarde, a Igreja apropriou-se da festa e chamou-lhe Festa de Todos os Santos (1 de Novembro) em que se glorifica o que de melhor a doutrina cristã “produziu”: os santos, aqueles de quem devemos seguir o exemplo se quisermos estar dentro da lei da Igreja. E sim, é verdade, considerava-se que a linha morte/vida se esbatia e que era fácil aos mortos cruzar a fronteira e vir “visitar” os vivos. Findo o ciclo da vida visível sobre a terra, restava aos homens esperar pelo seu renascimento na Primavera. E claro, a Igreja também tomou conta desse conceito. E criou o Dia de Finados, a celebrar no dia 2 – dois – 2 de Novembro. Apesar de consecutivas, são duas festas em dois dias diferentes. E se hoje as pessoas aproveitam o dia 1 para ir ao cemitério pôr flores aos seus mortos, é por uma razão que nada tem de metafísica: é feriado e o dia 2 não.Dito isto, subscrevo inteiramente a infelicidade da substituição do “pão por Deus” pelo americano Halloween. Até porque as bruxas portuguesas são muito diferentes das americanas. Mas isso é conversa que fica para outro post…J.

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  3. E haverá alguma celebração pagã da qual a Igreja não se tenha apropriado…? Esperem pelo Natal que também vos conto umas histórias giras 😉

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